A chegada do inverno traz mudanças de hábitos que podem ser prejudiciais à saúde. Com os dias mais frios, as pessoas tendem a ficar dentro de casa com portas e janelas fechadas para evitar a entrada do ar gelado. Além disso, muitas se aglomeram diariamente em ambientes fechados, seja no ônibus, na escola, no trabalho ou no shopping e esse tipo de ambiente favorece a transmissão de vírus e bactérias, um dos principais responsáveis pelas doenças de inverno.
Os alérgicos são os mais atingidos e representam cerca de 30% da população. Nessa época do ano, eles sofrem com o desencadeamento de crises decorrentes do vírus da gripe e com as infecções de vias aéreas superiores. Asma e rinite são as principais alergias de inverno. Segundo a ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia) a asma afeta 10% da população brasileira, sendo responsável por aproximadamente 400 mil internações e cerca de 2 mil óbitos. A rinite alérgica tem estreita relação com a asma. Dados indicam que 78% das pessoas com asma têm rinite alérgica.
Para minimizar essas alergias típicas da estação, uma medida importante é tirar as roupas de lã e cobertores do armário. O vestuário de inverno costuma ficar dentro do guarda-roupa por um ano inteiro e, quando é retirado, está cheio de bolores, fungos e outros alérgenos que ficam em suspensão no ar por muito tempo. Antes de serem usadas, o ideal é que as roupas de inverno sejam lavadas com água quente e que se aplique 50 ml de alguma substância fungicida (fungicil, por exemplo) na água de enxágue para, depois, deixar secando ao sol e, finalmente, passar a peça com ferro quente. O próprio guarda-roupa também deve ser limpo com pano úmido com fungicil.
O cuidado também precisa ser com o quarto dos indivíduos alérgicos. O piso deve ser lavável, sem cantos que acumulem pó e o carpete, se necessário, deve ter tratamento contra fungos e bactérias – lembrando que isso não pode ser usado em casas com animais domésticos. A cama merece um tratamento especial, pois é nela que se acumula a maior quantidade de ácaros, grande inimigo da saúde dos alérgicos. Colchões e travesseiros devem conter capas antiácaros e as cobertas não podem ser felpudas, priorizando o uso de edredons. A estante de livros e outros objetos deve estar sempre limpa e, nas janelas, prefira persianas a cortinas de pano. Essas medidas visam evitar o acúmulo de poeira, principal alimento do ácaro, e diminuir a chamada “poluição doméstica”. Cuidados como esses podem, pelo menos, ajudar a melhorar a qualidade do ar de nossas casas, onde passamos a maior parte do nosso tempo.
As alergias não têm cura, contudo, podem ser controladas. Nas alergias respiratórias, as nebulizações com substâncias que dilatam os brônquios costumam ser recomendadas pelo médico. Além do diagnóstico clínico, exames laboratoriais ajudam a detectar as alergias. Consulte sempre um especialista.
*Por Jaime Rocha, infectologista da Unimed Curitiba.