As crianças são acompanhadas periodicamente por pediatras, que orientam os pais sobre a importância de manter a vacinação em dia. Na terceira idade, a vacinação também é uma preocupação e os idosos são alvo de campanhas e devem tomar determinadas vacinas, como a da gripe, que precisa ser aplicada todos os anos. No entanto, há uma faixa etária que não se preocupa muito com a imunização: os adolescentes. “Nessa idade eles vão menos ao médico e muitos jovens e seus familiares ainda desconhecem os riscos de algumas doenças que acometem especialmente esse público”, ressalta o infectologista da Unimed Laboratório Jaime Rocha.
Manter os cuidados básicos de saúde é fundamental para evitar problemas futuros e isso inclui uma imunização adequada. “Campanhas nacionais de imunização são necessárias para atualizar o calendário de vacinas dos adolescentes, mas também é primordial que as pessoas se conscientizem e busquem manter esse calendário em dia”, alerta o médico.
Esse ano o Ministério da Saúde lançou uma campanha publicitária para vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos contra o HPV. De acordo com o estudo realizado pelo projeto POP-Brasil em 2017, a prevalência estimada do HPV no Brasil, na faixa etária de 16 a 25 anos, é de 54,3%. Os dados da pesquisa mostram que 37,6% dos participantes apresentaram HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer. “Esses dados são alarmantes. Mesmo com o governo disponibilizando essa vacina, que só tem efeito de proteção completa após duas doses, a cobertura da segunda dose é falha. Pouco mais de 40% das meninas e apenas 13% dos meninos retornaram para tomar a segunda dose, segundo o Ministério da Saúde.”
A adolescência, dos 10 aos 19 anos, é uma fase de amadurecimento, um período de transição no desenvolvimento físico e psicológico em que o ser humano deixa de ser criança e entra na fase adulta. “Para cada fase da vida existem cuidados específicos para manter a saúde e na adolescência não poderia ser diferente. Os pais têm um importante papel e são responsáveis por orientar os filhos e garantir a imunização correta também na juventude.”
Vacinas que devem ser tomadas na adolescência
- Tríplice viral (VTV, MMR)
Protege contra rubéola, caxumba e sarampo. São necessárias duas doses a partir de um ano de idade, com intervalo de 30 dias entre elas. Até 12 anos de idade pode ser usada a tetraviral, que também protege contra a varicela para o grupo vulnerável.
- Hepatites A, B e A + B
São importantes para quem não foi vacinado na infância. Hepatite A – duas doses, com intervalo de seis meses. Hepatite B – três doses, sendo a segunda 30 dias após a primeira e a terceira, seis meses depois da primeira dose. Hepatite A+B – abaixo de 16 anos são duas doses, com intervalo de seis meses; acima de 16 anos, três doses, sendo a segunda 30 dias após a primeira e a terceira, seis meses depois da primeira dose.
- HPV (Papiloma Vírus Humano)
Sua eficácia está comprovada na redução do câncer de colo de útero, pênis, anal e orofaringe. A vacina quadrivalente (VLPS tipos 6, 11, 16 e 18) é aplicada em três doses. O PNI (Programa Nacional de Imunizações) adotou duas doses, disponibilizadas para meninas de 9 a 14 anos e meninos dos 11 aos 14 anos.
- Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa: difteria, tétano e coqueluche) ou dTpa-IPV associada à poliomielite
Esta vacina é importante para proteção individual e para a redução da transmissão da bactéria Bordetella pertussis para suscetíveis de alto risco como os lactentes. Quem tem esquema completo na infância faz um reforço da dTpa com 11 anos de idade. Quando o esquema é incompleto, são aplicadas uma dose de dTpa e uma ou duas doses de dT, para totalizar três doses contra o tétano.
- Varicela (catapora)
A varicela é uma patologia aparentemente benigna, mas que evolui com quadro clínico mais severo em adolescentes e adultos. As complicações mais temíveis são pneumonia, artrite, encefalite, pericardite, hepatite e evolução para sepses. Em grávidas pode ocorrer a síndrome da varicela congênita. Os adolescentes que não tiveram varicela e não foram vacinados devem receber duas doses da vacina. Para menores de 13 anos o intervalo é de três meses e a partir desta idade é de um a dois meses.
- Meningite meningocócica conjugada ACW135Y
A meningite causada pelo meningococo tem um pico de incidência em lactentes e também na adolescência. A prevalência de cada tipo depende da estação do ano, da localidade, da faixa etária e outras variáveis. Para os não vacinados na infância são aplicadas duas doses da vacina ACWY com intervalo de cinco anos. Para os vacinados é necessário um reforço aos 11 anos de idade ou cinco anos após a última dose. O PNI disponibiliza a vacina meningocócica tipo C aos adolescentes entre 11 e 13 anos de idade.
- Meningite meningocócica tipo B
São aplicadas duas doses com intervalo de um a dois meses entre elas para adolescentes não vacinados na infância.
- Febre amarela
Para os não vacinados anteriormente, uma dose para residentes ou viajantes para áreas de risco. Pode também ser recomendada para atender a exigências sanitárias de algumas viagens internacionais. É importante vacinar até 10 dias antes da viagem.